Em um cenário econômico cada vez mais desafiador, encontrar oportunidades de diversificação consistentes e de longo prazo torna-se fundamental para qualquer investidor. Os fundos de infraestrutura surgem como um segmento estratégico capaz de oferecer rendimentos mensais isentos de imposto de renda e proteção contra a volatilidade de mercados tradicionais. Neste artigo, aprofundamos números, características, riscos e benefícios, além de mostrar como dar os primeiros passos nessa classe de ativos.
Em 2025, os investimentos em infraestrutura no Brasil deverão alcançar R$ 278 bilhões, o equivalente a apenas 2,21% do PIB, valor ainda distante dos 4% considerados ideais para estimular o crescimento econômico. Atualmente, boa parte dos recursos está voltada para a manutenção de ativos existentes, enquanto a expansão ainda sofre com limitações orçamentárias e burocráticas.
O setor de transportes concentra os maiores aportes: R$ 89,9 bilhões previstos para 2025, um aumento de 28,4% em relação a 2024. Paralelamente, o mercado de debêntures incentivadas bateu recorde em 2024, com R$ 135 bilhões emitidos, quase o dobro do ano anterior. No mercado secundário, essas negociações movimentaram R$ 278,6 bilhões, crescimento de 115,8% comparado a 2023.
O número de fundos de infraestrutura (FI-Infra) e de investidores neste segmento cresce de forma constante, refletindo o interesse de fundos de pensão e instituições em ampliar a exposição a ativos que apresentem baixa correlação com ativos tradicionais e contribuam para maior resiliência das carteiras.
Os fundos de infraestrutura apresentam características que os tornam atraentes para quem busca diversificação e regularidade de rendimentos. Em primeiro lugar, esses ativos têm fluxo de caixa estável e previsível, já que investem em debêntures incentivadas com pagamentos mensais de juros isentos de imposto de renda para pessoas físicas. Isso garante um retorno constante, independentemente da volatilidade de curto prazo do mercado acionário.
Além disso, a infraestrutura brasileira ainda está longe do ideal em termos de cobertura e qualidade. Isso significa que existe demanda constante por novos investimentos, tornando esses fundos uma opção de médio e longo prazo altamente promissora. Outro ponto importante é que esses títulos costumam oferecer spreads de crédito atrativos em comparação a outros investimentos de renda fixa, remunerando melhor o risco de crédito das empresas envolvidas.
Existem diferentes estruturas de fundos que permitem ao investidor acessar esse segmento. Cada tipo possui estratégias, graus de liquidez e exigências mínimas variadas. A escolha depende do perfil do investidor e dos objetivos de diversificação e retorno.
Os fundos listados em bolsa oferecem liquidez diária, preços transparentes e acessibilidade tanto para pessoas físicas quanto para investidores institucionais. Já os fundos de investimento em participações podem exigir aplicação mínima maior e possuem prazos de carência mais longos.
Apesar das vantagens, é fundamental conhecer os riscos associados a esses fundos. O risco de crédito envolve a capacidade de pagamento das emissoras das debêntures. Em ambientes de juros elevados, o risco de mercado ganha relevância, pois a demanda por novas emissões pode ser afetada e o valor das cotas pode sofrer pressão no curto prazo.
Do ponto de vista fiscal, os FI-Infras são particularmente atraentes. Os rendimentos distribuídos e eventuais ganhos de capital na venda de cotas são isentos de imposto para pessoas físicas, o que pode representar uma vantagem significativa em comparação com outros investimentos de renda fixa tributados pela tabela regressiva.
O Brasil enfrenta um enorme desafio de infraestrutura: dobrar o volume de investimentos anuais apenas para manter os níveis atuais de qualidade e cobertura. Esse gap estrutural gera uma necessidade permanente de investimentos estruturais, criando oportunidades contínuas para o setor privado e, consequentemente, para investidores. O avanço de projetos de energia renovável, saneamento e mobilidade urbana deve impulsionar ainda mais a emissão de títulos incentivados nos próximos anos.
Especialistas apontam que, mesmo em cenários de juros elevados, fundos negociados a desconto em relação ao valor patrimonial podem oferecer pontos de entrada interessantes. Além disso, a crescente participação de fundos de pensão e de grandes gestores internacionais valida a atratividade desse segmento, sinalizando maturidade e robustez para o futuro.
Para investidores pessoa física, a forma mais simples de acessar este mercado é por meio de fundos listados em corretoras, que não exigem valores mínimos elevados e permitem diversificação imediata entre diversos projetos. Outra alternativa é a compra direta de debêntures incentivadas, ainda que muitas vezes seja necessário atender a lotes mínimos de aplicação.
Investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, tendem a optar por carteiras mistas de FI-Infras e FIP-IEs, equilibrando liquidez e potencial de retorno de projetos em diferentes estágios de desenvolvimento. Consultar um assessor especializado e avaliar o prospecto de cada fundo são passos essenciais para tomar decisões informadas e garantir uma alocação adequada ao seu perfil de risco.
Em um ambiente onde a volatilidade e a incerteza são cada vez maiores, avaliar fundos de infraestrutura é uma estratégia inteligente para diversificar, proteger patrimônio e buscar retornos consistentes ao longo do tempo. Aproveitar o momento de expansão desse mercado pode ser a chave para fortalecer sua carteira e participar ativamente do desenvolvimento econômico do país.
Referências