O avanço do comércio eletrônico no Brasil não apenas movimenta bilhões em receita, mas também impõe desafios sem precedentes à logística nacional. As empresas precisam inovar e adaptar suas operações para garantir entrega rápida e baixo custo de frete, atendendo a consumidores cada vez mais exigentes.
O setor de e-commerce brasileiro projeta um faturamento de R$ 224,7 bilhões para 2025, um crescimento de 10% em relação a 2024. Essa será a oitava expansão anual consecutiva desde 2018, impulsionada pela transformação digital e novos hábitos de consumo.
Outros números-chave posicionam o e-commerce como um pilar do varejo nacional:
Em 2024, o setor cresceu 16%, o maior aumento mundial. Hoje, as vendas online correspondem a cerca de 1% do PIB brasileiro.
Vários contextos convergiram para alavancar as vendas eletrônicas no país. A principal mola propulsora foi a transformação digital e mudança do comportamento dos consumidores, especialmente após a pandemia, quando milhares de novos usuários migraram para plataformas online.
Além disso, modelos de atendimento que combinam tecnologia e personalização têm aumentado a fidelidade do cliente. Programas de fidelidade e estratégias de retail media nos marketplaces, com R$ 3,8 bilhões em investimentos na América Latina em 2024, exemplificam bem esse movimento.
Para atender ao crescimento projetado, empresas vêm fortalecendo suas operações logísticas por meio de parcerias estratégicas com transportadoras e investimento em centros de distribuição. A otimização da cadeia de suprimentos é vital para reduzir custos e prazos.
Consumidores querem prazos cada vez menores e rastreabilidade completa. Por isso, soluções de gestão de transporte (TMS) integradas a sistemas ERP permitem monitorar toda a jornada da encomenda, desde o centro de distribuição até a porta do cliente.
A adoção das práticas de tecnologias de Logística 4.0 é hoje o diferencial competitivo. Muitas empresas estão usando inteligência artificial para prever demandas, big data para ajustar estoques e softwares de gestão de armazéns (WMS) para acelerar movimentações.
Em grandes operações, como a da Rede Magalu, a automação de processos e a integração de robôs colaborativos em centros de distribuição viabilizam um fluxo mais ágil e menos sujeito a erros. Sistemas de rastreamento e comunicação em tempo real aumentam a confiabilidade na entrega, reduzindo reclamações.
Apesar dos avanços tecnológicos, o transporte rodoviário continua sendo o principal modal no Brasil. Os caminhoneiros enfrentam desafios como condições das estradas, clima e pressão para cumprir prazos cada vez mais curtos.
A experiência desses profissionais é essencial para garantir entregas em excelente condição do produto e pontualidade. Para mitigar riscos, empresas têm oferecido treinamentos e ferramentas de segurança, além de investirem em monitoramento de frotas.
A pressão do e-commerce evidencia fragilidades na infraestrutura nacional. Os principais entraves incluem limitação de modais ferroviário e aéreo, dependência do transporte rodoviário e altos custos de combustível, agravados pela volatilidade de preços.
Além disso, cresce a exigência por práticas sustentáveis, como utilização de frotas elétricas e rotas verdes, para reduzir emissões e custos.
O segmento de eletrodomésticos se sobressaiu no primeiro semestre de 2025, registrando alta de 7,2% no faturamento e 4,6% em pedidos eletrônicos. Essas categorias demandam centros de distribuição especializados, prontos para lidar com cargas volumosas.
Mercados nichados, como artigos de luxo e alimentos frescos, também investem em soluções logísticas sob medida, como trailers refrigerados e entregas agendadas, para aumentar a satisfação do cliente.
Para os próximos anos, a tendência é o continuo investimento em automação, centros de distribuição avançados e estratégias omnicanal. As empresas que adotarem tecnologias emergentes e ampliarem sua malha logística terão vantagem competitiva.
Revisar modelos de negócios e investir em capacitação de profissionais também são passos fundamentais para superar a pressão e transformar desafios em oportunidades de crescimento.
O crescimento acelerado do e-commerce no Brasil impõe à cadeia logística nacional a urgência de inovação e expansão. Somente por meio da integração de tecnologia, investimentos em infraestrutura e valorização dos profissionais de transporte será possível sustentar esse ritmo e atender às expectativas de um mercado cada vez mais exigente.
A jornada rumo a uma logística eficiente, sustentável e resiliente já começou. Empresas que abraçarem essa transformação estarão preparadas para liderar o varejo do futuro.
Referências