A crescente urgência em combater as mudanças climáticas e atender expectativas de mercado tem levado empresas de bens de consumo a repensar seus modelos de negócio. Nesse cenário, práticas verdes deixam de ser um diferencial e se tornam pré-requisito para competir.
De acordo com projeções recentes, o volume de investimentos globais em ESG ultrapassará US$ 53 trilhões até 2025, representando cerca de um terço dos ativos sob gestão. Esse movimento evidencia o interesse crescente de investidores em empresas que adotam políticas de responsabilidade ambiental e social.
Além disso, os consumidores mostram-se mais exigentes, buscando marcas que demonstrem compromisso real com o meio ambiente. Essa dupla pressão – financeira e de demanda – estimula a transformação rápida do setor.
No Brasil, o Plano Mais Produção, liderado pela Nova Indústria Brasil, já contabiliza R$ 472,7 bilhões investidos em mais de 168 mil projetos até março de 2025. Grande parte dos recursos é direcionada a bioeconomia e descarbonização, estratégias-chave para a produção sustentável.
Paralelamente, pesquisa da CNI revela que seis em cada dez indústrias brasileiras adotam práticas de economia circular. As ações mais comuns incluem:
Essas iniciativas promovem redução de resíduos e otimização de recursos, contribuindo para cadeias produtivas mais eficientes e competitivas.
Para cumprir metas de redução de emissões e transição para economia de baixo carbono, empresas de bens de consumo investem em eletrodomésticos de alta eficiência energética, automação e robótica. Essas tecnologias reduzem custos operacionais e minimizam o impacto ambiental.
Na busca por matérias-primas mais sustentáveis, setores ligados à construção de bens duráveis desenvolvem polímeros e concretos de base renovável. Além disso, há crescente adoção de PPAs (Power Purchase Agreements) para aquisição de energia limpa, fortalece a gestão eficiente de recursos naturais e assegura fornecimento estável.
No setor têxtil e de vestuário, marcas que se destacam no Índice de Transparência da Moda investem em rastreabilidade de matérias-primas, mas ainda enfrentam desafios para ampliar o impacto desses programas. Há espaço para aprofundar políticas internas e fortalecer parcerias.
Na indústria de alimentos e embalagens, inovações em design permitem criar produtos com embalagens 100% recicláveis ou compostáveis. Empresas também firmam acordos com cooperativas de reciclagem para recuperar materiais pós-consumo.
O setor de construção, que afeta diretamente a produção de bens duráveis, explora materiais híbridos à base de madeira e resíduos minerais, alinhados à economia circular e à redução de carbono incorporado nas estruturas.
Investimentos em sustentabilidade geram diversos resultados positivos. Entre os benefícios tangíveis e intangíveis, destacam-se:
Apesar das vantagens, persistem barreiras para muitas empresas, especialmente as de menor porte. Resistências internas e lacunas de conhecimento técnico podem atrasar a adoção de práticas mais avançadas.
O papel das políticas públicas é fundamental para acelerar a transição sustentável. A legislação brasileira, com incentivos fiscais e metas para gerenciamento de resíduos, estimula a economia de baixo carbono e promove compras verdes pelo governo.
A expectativa é que a convergência entre demandas de consumidores e exigências regulatórias impulsione o setor de bens de consumo. Projeções indicam expansão contínua de recursos para ESG, com empresas estabelecendo metas ambiciosas de neutralidade de carbono.
O futuro do setor dependerá da capacidade de inovar e da disposição de colaborar entre empresas, governos e sociedade. Somente com visão de longo prazo e compromisso efetivo com práticas verdes será possível construir uma economia próspera, inclusiva e amiga do planeta.
Referências