O Open Finance chegou para transformar a relação entre consumidores e instituições financeiras. Em apenas quatro anos, seu impacto no setor bancário brasileiro tem sido extraordinário, redefinindo padrões de competição, inovação e cidadania financeira. Este artigo explora os números, as aplicações práticas, a regulação e os desafios que cercam esse ecossistema em rápida expansão, oferecendo um guia completo para entender e aproveitar suas potencialidades.
Ao mostrar como o compartilhamento de informações pode gerar benefícios diretos, somos convidados a repensar nossa forma de consumir produtos financeiros — do crédito ao investimento, passando por seguros e previdência.
Desde maio de 2025, o Brasil celebra quatro anos de operação do Open Finance, consolidando-se como maior programa de Open Finance do mundo em escopo de dados e volume de transações. O número de consentimentos de usuários saltou de 43 milhões em janeiro de 2024 para 62 milhões em janeiro de 2025, um crescimento impressionante de 44% no período.
Atualmente, cerca de 40 milhões de brasileiros estão ativos no sistema, que processa mais de 2,3 bilhões de chamadas de API por semana. Algumas fontes apontam até 3,3 bilhões de chamadas semanalmente, reforçando a confiabilidade e a escalabilidade da infraestrutura.
A evolução em fases permitiu a incorporação gradual de bancos, investimentos, seguros e previdência, formando um ecossistema financeiro integrado e robusto. Essa estratégia garante que cada etapa seja validada, oferecendo segurança e qualidade antes de avançar para novos serviços.
O grande impulso do Open Finance é promover concorrência, inovação e eficiência nos serviços financeiros, ampliando as opções para o consumidor. Instituições de todos os portes utilizam informações compartilhadas para ajustar suas ofertas e tornar produtos mais atraentes.
Essa dinâmica não beneficia apenas o consumidor final. Pequenas instituições aproveitam eficiência operacional gerada pelo Open Finance para otimizar processos internos e reduzir custos, transferindo ganhos de produtividade para taxas mais competitivas.
Comparar ofertas ficou mais simples: plataformas digitais agregam propostas de crédito, investimentos e seguros em um só lugar, permitindo que indivíduos e empresas escolham soluções sob medida.
O Banco Central do Brasil lidera a padronização via APIs, garantindo segurança, privacidade e conformidade. Seu modelo é reconhecido globalmente pela amplitude que inclui bancos, previdência, seguros e investimentos.
Além disso, o processo de governança é colaborativo: bancos, fintechs e prestadores de serviços participam de fóruns técnicos coordenados pelo BCB, alinhando futuras evoluções e solucionando desafios operacionais.
Até o segundo semestre de 2024, o Banco Central listou 139 casos de uso desenvolvidos com o Open Finance. Entre os destaques está a concessão de R$ 18 bilhões em crédito por meio de dados compartilhados, permitindo taxas mais justas e decisões de risco mais assertivas.
Outra inovação marcante é a Jornada Sem Redirecionamento (JSR) inovadora, que potencializa experiências de Pix por Biometria e Aproximação. Essas soluções garantem uma navegação fluida, sem necessidade de sair do ambiente de contratação para autorizações externas, reforçando a segurança.
Em um exemplo prático, uma fintech de crédito pessoal reduziu em 20% o tempo de análise de risco ao integrar dados de transações e perfil de consumo, acelerando a liberação de empréstimos e aumentando a satisfação do cliente.
Portabilidade de crédito e integração de contas por meio de APIs favorecem a migração de clientes entre instituições, criando um mercado mais dinâmico e alinhado às necessidades individuais de consumidores e empresas.
Garantir que o processo de consentimento seja claro e intuitivo exige interfaces bem desenhadas e educação contínua sobre compartilhamento e revogação de permissões. Usuários informados confiam mais e utilizam com maior frequência os serviços disponíveis.
O próximo passo envolve elevar a qualidade dos dados, garantir mecanismos avançados de segurança e intensificar a educação financeira da população. Pequenas e médias empresas representam uma grande oportunidade para novas soluções de crédito e gestão financeira.
Perspectivas do Banco Central incluem otimizar a qualidade das APIs, monitorar a satisfação dos usuários e fomentar a criação de produtos que se adaptem às realidades regionais do país. A interoperabilidade e a inteligência artificial serão aliadas importantes neste processo.
O Open Finance não é apenas uma mudança tecnológica; é um movimento de empoderamento financeiro. Ao democratizar o acesso a dados, ele incentiva a inovação, melhora a competitividade e amplia oportunidades para milhões de brasileiros.
Em um cenário de rápidas transformações, consumidores e empresas devem abraçar essa evolução. Ao participar ativamente, compartilhando dados de forma consciente, cada um contribui para construir um sistema financeiro mais inclusivo, transparente e dinâmico.
Agora é o momento de explorar as possibilidades, dialogar com novos provedores de serviços e descobrir como o Open Finance pode trazer benefícios concretos ao seu planejamento financeiro. O futuro bancário do Brasil está sendo escrito hoje, e o protagonismo de todos será fundamental para seu sucesso.
Referências