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Resultados trimestrais surpreendem e movimentam fundos de ações

Resultados trimestrais surpreendem e movimentam fundos de ações

23/03/2025 - 18:26
Yago Dias
Resultados trimestrais surpreendem e movimentam fundos de ações

No primeiro trimestre de 2025, o mercado acionário brasileiro apresentou resultados que superaram as expectativas e desencadearam movimentos expressivos nos fundos de ações. Com o Ibovespa avançando +8,29%, investidores e gestores viram oportunidades para revisar posições, realocar recursos e buscar ganhos em um ambiente de valorização surpreendente e oportunidades.

Este artigo analisa as causas dessa surpresa positiva, revela os fundos que mais se beneficiaram, avalia os impactos corporativos e explora as perspectivas e riscos para o restante do ano.

O que motivou a surpresa positiva no 1T25

Vários fatores se combinaram para explicar o desempenho acima do esperado. Primeiro, a Bolsa brasileira voltou ao radar de investidores estrangeiros, que promoveram fluxo de recursos estrangeiros intenso em busca de ativos subvalorizados. Em paralelo, a economia nacional mostrou sinais de estabilidade, apesar da manutenção de juros elevados, e preocupa menos quanto ao cenário fiscal.

  • Ibovespa subiu +8,29% no 1º trimestre, revertendo perdas.
  • Índice preço/lucro está em 9,4 vezes, abaixo da média histórica.
  • Rotação global de capitais favoreceu mercados emergentes.

Fundos de ações em destaque

Embora apenas 20 dos 60 principais fundos tenham superado o Ibovespa, alguns gestores conseguiram extrair valor da recuperação técnica do mercado. A forte entrada de recursos, aliada a estratégias ágeis, foi determinante para o êxito desses fundos.

  • Alaska Institucional: excelente seleção de small caps e mid caps.
  • Nord 10X: foco em empresas de alta eficiência operacional.
  • Nord Melhores Fundos FoF Ações: diversificação e rotação entre setores.

Impacto dos resultados corporativos

As surpresas nos balanços das empresas geraram rápida reprecificação das ações. A temporada de resultados foi marcada por um aumento significativo no número de empresas superando estimativas e uma redução nos casos de decepção, reforçando o otimismo do mercado.

Comparando com o trimestre anterior, observou-se um avanço de 9 pontos percentuais nas surpresas positivas de lucro líquido e uma queda nas decepções em EBITDA. No âmbito anual, houve também elevação no número de empresas superando projeções em todas as métricas.

A rotação de capitais e fluxo estrangeiro

O realinhamento de carteiras globais, motivado pelo valuation atrativo e pelo potencial de recuperação econômica brasileira, foi responsável por injetar liquidez no mercado local. Gestores destacaram que, embora as condições macro ainda imponham desafios, o Brasil figura como destino prioritário na alocação de recursos.

Esse movimento técnico, somado a notícias positivas dos balanços, criou um ciclo de volatilidade aumenta que exigiu das equipes de gestão agilidade para ajustar exposições e capturar ganhos.

Calendário e volatilidade na temporada

A temporada de divulgação de resultados do 1T25 se estendeu de 15 de abril a 16 de maio, com pico de divulgações em 8 de maio, quando 64 empresas apresentaram seus números. Entre as grandes companhias, Vale (24/04) e Petrobras (12/05) tiveram papel central na movimentação do Ibovespa, dada a sua expressiva participação no índice.

Ao todo, 281 balanços foram divulgados em maio, impulsionando a volatilidade diária dos fundos e criando risco e oportunidade para gestores que operaram com estratégia de curto prazo.

Perspectivas e riscos para o restante de 2025

Apesar do otimismo gerado pelo 1T25, o mercado permanece atento a fatores de cautela. As estimativas de lucro por ação foram revisadas para baixo: -2,8% em 2025 e -0,8% em 2026. Destacam-se quedas relevantes nas projeções de VALE3 e BBAS3, reflexo da sensibilidade de papéis de grande peso no índice.

  • Revisão de LPA para 2025 e 2026: -2,8% e -0,8%.
  • Juros elevados e cenário fiscal cauteloso.
  • Volatilidade intensa na temporada de balanços.

Em síntese, a combinação de revisões de guidance para o resto do ano e possíveis choques externos impõe aos investidores manter disciplina e monitorar continuamente as variáveis macro. O destaque do 1T25 reforça que, mesmo em ambientes desafiadores, é possível identificar oportunidades atraentes de investimento quando se alia análise fundamentalista a ações táticas de alocação.

Para gestores e cotistas, o aprendizado é claro: é preciso estar preparado para surpresas positivas e negativas, estruturar portfólios diversificados e dispor de mecanismos de ajuste rápido, seja por meio de derivativos, seja pela gestão ativa de posições.

O mercado de ações continua a oferecer potencial de retorno, mas exige visão de longo prazo combinada com agilidade na execução. Quem conseguir equilibrar esses dois pilares estará melhor posicionado para aproveitar os próximos capítulos da jornada de recuperação e crescimento do Brasil.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

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