O setor de tecnologia em saúde no Brasil tem se transformado em um verdadeiro motor de inovação e desenvolvimento. Em meio a um cenário global desafiador, as healthtechs brasileiras conquistam destaque absoluto ao receber volumes crescentes de capital estrangeiro.
Empreendedores, investidores e formadores de políticas públicas observam com atenção esse movimento que promete remodelar o acesso e a qualidade do atendimento médico no país.
O Brasil hoje abriga 602 startups de saúde —cerca de 64,8% do total na América Latina— e segue consolidado como principal polo latino-americano.
Em 2024, o ecossistema brasileiro de healthtechs cresceu exponencialmente, movimentando R$ 799 milhões em investimentos. Projeções indicam que, em 2025, esse valor ultrapassará a marca de R$ 1 bilhão.
Dois terços do capital injetado em startups brasileiras nos últimos cinco anos vieram do exterior. Em 2022, a participação estrangeira alcançou 39% das rodadas, comparada a 33% no ano anterior.
Grandes fundos de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão atuam de forma incisiva. Captações acima de US$ 50 milhões registraram 90% de aportes de gestoras internacionais.
O SoftBank se destaca como protagonista histórico, responsável por 28% dos US$ 9,4 bilhões captados em 2021, contribuindo para a formação de vários unicórnios nacionais.
Healthtechs respondem por 10% do total das rodadas estrangeiras, ficando atrás apenas de fintechs e retailtechs. Entre os segmentos mais quentes, a telemedicina ocupa posição de liderança.
Fundos renomados como General Atlantic e SoftBank já investiram, juntos, pelo menos R$ 580 milhões na Acesso Digital, startup especializada em autenticação de consultas médicas.
Após a pandemia, a popularização das consultas remotas catapultou players como Conexa, que também receberam aportes expressivos para expansão.
Tivita captou R$ 32 milhões em rodada seed liderada por FinTech Collective, K50 Ventures e MAYA Capital, desenvolvendo soluções de automação para clínicas e consultórios.
Back4You, lançada em 2025, oferece consultoria tributária para profissionais de saúde, com forte potencial de crescimento sobre a base de clientes médicos.
Selvia, focada em médicos recém-formados, conquistou R$ 2 milhões para acelerar sua plataforma de gestão e orientar recém-chegados ao mercado.
Em 2025, BNDES, Finep e Fundação Butantan anunciaram fundo conjunto com no mínimo R$ 200 milhões para startups e PMEs de saúde. A expectativa de aporte é: BNDES (R$ 50–125 milhões), Finep (até R$ 60 milhões) e Butantan (mínimo R$ 50 milhões).
O objetivo é fortalecer a cadeia de suprimentos do SUS e estimular a indústria nacional de tecnologias médicas, reduzindo dependência de insumos importados.
O FORBISS 2025, promovido pelo IBIS, será o ponto de encontro de deeptechs, medtechs e biotechs. Painéis, workshops e reuniões de networking conectarão startups a investidores e agências de fomento internacionais.
Essa plataforma reforça a importância de estratégias de expansão global e a criação de parcerias estratégicas para acelerar a entrada em mercados estrangeiros.
Apesar do otimismo, ainda há espaço para expansão, especialmente fora dos grandes centros urbanos. O ambiente regulatório pode ser um obstáculo para quem busca internacionalizar e captar grandes investimentos.
Para muitos empreendedores, compreender as exigências de órgãos como ANVISA e as regras de compliance internacional é fundamental para evitar entraves e acelerar aportes.
O cenário de startups de saúde no Brasil demonstra um momento de ouro, impulsionado por investimentos de fundos estrangeiros e uma forte aposta na tecnologia como pilar de transformação.
Com apoio público e iniciativas privadas, as healthtechs brasileiras têm a chance de consolidar soluções inovadoras que impactam positivamente o sistema de saúde e melhoram a vida de milhões de pessoas.
Este é o momento ideal para empreendedores, investidores e colaboradores se unirem em torno de uma visão compartilhada de saúde acessível e eficiente, guiada pela inovação e pelo capital global.
Referências