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Tendências globais inspiram a criação de novos fundos temáticos

Tendências globais inspiram a criação de novos fundos temáticos

06/08/2025 - 01:00
Robert Ruan
Tendências globais inspiram a criação de novos fundos temáticos

O cenário mundial de investimentos vem passando por profundas transformações nos últimos anos. As mudanças demográficas, a urgência por soluções sustentáveis e a evolução tecnológica convergem para criar um ambiente fértil à inovação financeira.

Essa combinação de fatores tem estimulado gestores a desenvolver produtos cada vez mais especializados, capazes de atrair investidores interessados em alocar recursos em setores promissores. No Brasil, em especial, o mercado de fundos temáticos tem registrado um movimento vigoroso que reflete as oportunidades globais.

Crescimento expressivo dos fundos temáticos

Dados da Anbima apontam que o número de fundos ESG no Brasil quase dobrou em menos de um ano, passando de 134 em dezembro de 2023 para 257 em outubro de 2024. Esse crescimento acelerado dos fundos temáticos demonstra a força da procura por alternativas alinhadas a propósitos socioambientais.

A captação líquida desses produtos atingiu R$ 10,9 bilhões no período, valor mais de dez vezes superior ao registrado em 2023. Esse movimento chama a atenção tanto de gestores nacionais quanto de players internacionais, como a Global X ETFs, que já oferece 32 ETFs temáticos no mercado brasileiro.

Principais tendências globais

Há cinco grandes vetores que orientam a criação de novos fundos temáticos, refletindo as prioridades do investidor moderno:

  • ESG e Sustentabilidade: foco em ativos que promovam a transição energética, governança transparente e impacto social mensurável.
  • Tecnologia e Inteligência Artificial: investimentos em empresas que lideram inovações em IA, automação e infraestrutura digital.
  • Tokenização de ativos: digitalização de imóveis, obras de arte e outros bens, aumentando liquidez e acesso ao varejo.
  • Longevity Economy: fundos dedicados a saúde, biotecnologia, farmacêuticas e bem-estar em função do envelhecimento populacional.
  • Energia limpa e recursos naturais: produtos que concentram alocações em hidrogênio, água, saneamento e minérios críticos.

Regulação e profissionalização do mercado

Desde 2022, a Anbima estabeleceu regras claras para o rotulamento de fundos sustentáveis. Agora, regras para rotulamento de fundos sustentáveis exigem que esses veículos tenham objetivos explícitos de gerar externalidades positivas.

Em paralelo, o cenário regulatório global evolui para combater o greenwashing e assegurar que métricas de impacto sejam robustas. Os investidores, por sua vez, cobram comprovação de impacto verdadeiro e resultados auditáveis, elevando o nível de exigência das gestoras.

Estruturas e exemplos práticos

Os fundos temáticos podem assumir diferentes formatos, adequando-se ao perfil do investidor:

  • ETFs: replicam índices setoriais com taxas médias de administração em torno de 0,5% no Brasil.
  • Fundos multimercados: combinação de ativos em gestão ativa voltada a temas específicos.
  • Fundos de ações: portfólios concentrados em empresas inovadoras, muitas vezes listadas internacionalmente.

Um caso de destaque é o BNPP Crédito Institucional ESG, que supera 107% do CDI com posições em energia renovável, saneamento e bancos. Esse exemplo ilustra como tese temática pode unir valor e propósito no longo prazo.

Desafios e considerações finais

Apesar do apelo positivo, os fundos temáticos apresentam riscos inerentes ao foco setorial restrito. A volatilidade pode ser maior e a diversificação, menor, se comparada a fundos tradicionais.

  • Risco de retornos voláteis devido à concentração temática.
  • Necessidade de métricas claras para avaliar impacto socioambiental.
  • Importância de diversificação dentro do universo temático.
  • Exigência de comprovação de resultados financeiros e não financeiros.

O BlackRock Investment Institute destaca que as megaforças como IA, economia de baixo carbono e mudanças demográficas estão redefinindo alocações, priorizando temas sobre classes de ativos. Nesse contexto, fundos temáticos emergem como protagonistas de um novo ciclo de investimentos.

À medida que 2025 avança, a combinação de pressão por descarbonização e inovação continuará impulsionando o lançamento de produtos focados em grandes transformações globais. Para investidores, isso representa uma oportunidade única de alinhar portfólio e propósito, construindo alocações mais resilientes e alinhadas ao futuro.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan